<i>Uns Jogos para a História</i>

Ângelo Alves

De facto Pe­quim 2008 foi um su­cesso

Foi com uma impressiva e extremamente bela cerimónia que Pequim se despediu dos Jogos Olímpicos. A exemplo da extraordinária cerimónia de abertura o encerramento dos jogos olímpicos impressionou pela sua beleza, conteúdo e grandiosidade. Terminavam assim 16 dias que ficarão para a História da China e do mundo como uns dos melhores Jogos Olímpicos de sempre.

No plano desportivo os Jogos serão difíceis de superar. Segundo dados do Comité Organizador cerca de 11.000 atletas competiram em 28 modalidades, em mais de 300 eventos desportivos. Dados como o número reduzido de casos de doping registados durante os jogos (6 em Pequim, 26 em Atenas 2004), o aumento de modalidades mistas, os novos 43 recordes mundiais estabelecidos e a renovação de mais de 120 recordes olímpicos ilustram bem o nível desportivo de Pequim 2008.

No plano organizativo e de infra-estruturas os jogos também impressionaram. Apesar de realizados em três cidades diferentes (Pequim, Hong-Kong e Qingdao) os Jogos Olímpicos de Pequim foram reconhecidos como um dos mais bem organizados de sempre. Doze instalações desportivas construídas de raiz – das quais se destacam obras notáveis como o «Ninho de Pássaro» ou o «Cubo de Água» – 11 instalações renovadas, 8 instalações temporárias e um sistema de transportes considerado extremamente eficiente foram alguns dos resultados concretos do esforço das autoridades chinesas para proporcionar a atletas, comitivas olímpicas e espectadores as melhores condições possíveis para a realização dos Jogos.

O Presidente do Comité Olímpico Internacional sintetizou em duas frases muito do que se poderia dizer destes Jogos Olímpicos. Afirmou Jacques Rogge que «Com estes Jogos, o mundo conheceu melhor a China e a China conheceu melhor o mundo» concluindo que «Estes foram verdadeiramente uns Jogos excepcionais».
De facto Pequim 2008 foi um sucesso. E isso incomoda alguns. No momento de fazer o balanço e de saudar o governo e o povo da China pelo sucesso dos Jogos é importante recordar toda a campanha que pelos mais variados meios se desenvolveu contra este país e contra os Jogos e que agora se transforma numa tentativa de tentar ocultar ao máximo o seu óbvio sucesso. É altura de recordar a ridícula chegada da comitiva dos EUA a Pequim ostentando máscaras para não respirar a «poluição» de Pequim; a desesperada tentativa de desmontar a grandiosidade da cerimónia de abertura com propaganda sobre pormenores no mínimo ridículos quando se fala de uma super-produção daquela envergadura; do anúncio mil vezes repetido de chuva, tempestades e até sismos na cerimónia de abertura; da fabricação de factos e provocações políticas como a manifestação de quatro cidadãos estrangeiros em torno do tema Tibete; da propagação da ideia de «censura» quando simultaneamente todas as televisões do mundo transmitiam manifestações de chineses em torno de problemas como a habitação ou ainda de atentados terroristas que a comunicação social dominante apelidou hipocritamente de «ataques de forças separatistas».

Mas tal campanha, que em Portugal teve eco desde a direita mais trauliteira até à social-democracia envergonhada só teve um resultado. É que hoje pode-se dizer que a China organizou uns jogos exemplares, apesar de toda essa campanha! E hoje há muita gente que olha a China de maneira diferente. Com dúvidas e até inquietações, mas de outra maneira, sem preconceitos.


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